Na volta da previsão do tempo ao Giro do Boi em 2021, o meteorologista e doutor em ciência ambiental pela USP Marcelo Schneider, coordenador regional do Inmet, o Instituto Nacional de Meteorologia, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, respondeu a dúvida do telespectador Marcos Santos, de Açailândia, no Maranhão, na tríplice divisa do estado com o Pará e Tocantins.
Ele perguntou sobre a previsão de continuidade do calor extremo que assolou o estado ao longo de janeiro. “A gente olha primeiro a climatologia, indicando que é normal, característico daquela região dele, de divisa, essa chuvas aumentarem gradativamente nos próximos meses. Então entre fevereiro e março as chuvas devem ficar entre 250, 300 mm, principalmente passando até dos 300 mm no mês de março. A tendência é de aumento gradativo das chuvas e, por conseguinte, diminuição das temperaturas máximas porque deve haver dias mais nublados”, detalhou.
Em sua participação, Schneider destacou um ciclone extratropical na Região Sul do País. “A gente começa mostrando a imagem de satélite desta última quinta-feira (04), quando teve bastante chuva em parte do Rio Grande do Sul novamente e parte de Santa Catarina, pelo menos no leste. A imagem de satélite mostrava uma área de baixa pressão que a gente chama de ciclone extratropical, quase sendo definida como uma ciclogênese explosiva, quando uma área de baixa pressão encontra a convergência dos ventos. […] Essa área de baixa pressão vai ser responsável por ventos fortes no litoral. […] Nessa sexta-feira, o ciclone rapidamente se aprofunda, se intensifica no oceano e os ventos ficam aqui no oceano”, apontou.
“Mais importante é que vai canalizar umidade que vem diretamente da Amazônia e vai produzir chuvas na região Centro-Norte do Brasil nos próximos dias, principalmente entre a região Sudeste, entre Minas Gerais e a Bahia”, acrescentou.
Schneider afirmou que a Região Norte será uma das mais beneficiadas com precipitações ao longos da próxima semana, mas citou ainda projeções para MG e Matopiba. “O resumo do volume de chuvas, essa região sul da Amazônia, em Rondônia, algumas áreas do sul do Pará, região do centro-norte de Minas com volumes que, pelo nosso modelo do Inmet passam, dos 150 mm, até podendo passar em algumas áreas dos 200 mm. A área do Matopiba, o extremo-sul, também tem bons volumes de chuva, podendo, no acumulado, passar dos 100, 150 mm na divisa tríplice aqui entre o oeste da Bahia, sul do Piauí e a região do centro-leste de Tocantins”, indicou.
O especialista também anunciou as expectativas para a semana seguinte. “Para a outra semana, 10 até o dia 16 de fevereiro, a tendência é que continue o canal de umidade mais na região Amazônica, que é tradicional nessa época do ano, tem umidade. Na região Centro-Oeste, diminui um pouco, mas ainda tem volumes de chuva que podem passar, em uma semana, dos 100 mm. Essa região da Bahia voltaria a ficar um pouquinho mais seca, principalmente no oeste, mas a boa notícia é que continuam essas chuvas na região do Matopiba. No Sul do Brasil, tem instabilidade muito isolada, muito passageira. Diminuem os volumes e não há uma previsão de chuva significativa naquela semana”, explanou.
Ainda durante sua participação semanal do Giro do Boi, Schneider atendeu o agricultor Antônio Calheiro, da região do Vale do Itajaí, em Joinville, que comentou as chuvas volumosas da região no mês de janeiro. “Lá por Santa Catarina, a propósito, as chuvas passaram dos 300, algumas áreas 400 e se aproximando até dos 500 mm, não só aqui no Vale do Itajaí, mas o leste, próximo à região de Florianópolis, e algumas áreas do meio-oeste e também na região do Paraná […] Foi o que a gente falou anteriormente, no final de 2020, entre novembro e dezembro, que o La Niña, mesmo estando presente, não é o grande responsável pelos volumes de chuva no Sul do Brasil”, esclareceu.
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Confira no vídeo a seguir a previsão completa do tempo para os próximos dias neste início de fevereiro:
Foto: Arnaldo Alves / ANPr